Cerimônia Póstuma de Entrega do Título de Professor Emérito a Silvio Soares Macedo

Publicado em 13 de setembro de 2022
ADI

Em 23/09/2022, às 17:00
Local: Híbrido: Auditório Ariosto Mila e online

A FAUUSP tem o prazer de conceder, em cerimônia póstuma, o título de Professor Emérito a Silvio Soares Macedo, falecido em 17/03/2021.
A cerimônia será aberta à comunidade interna e público externo e ocorrerá no Auditório Ariosto Mila, na FAU Cidade Universitária, em 23/09/2022, às 17h, além de contar com transmissão simultânea em nosso canal do YouTube.


Sobre o professor Silvio Soares Macedo
Formado na FAUUSP em 1974, Silvio Soares Macedo começou a lecionar como Auxiliar de Ensino, com dedicação de 24 horas/semanais, o que permitiu que paralelamente fosse professor na Universidade de Guarulhos – UNG, (entre 1977/1978) e ora na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (entre 1980 e 1982). Até se tornar professor em período integral, com dedicação exclusiva na FAUUSP a partir de 1982.

Silvio Soares Macedo, junto com Maria Ângela Faggin Pereira Leite, Ayako Nishikawa, Eleonora Seligmann e Sun Alex, integrou a primeira formação do Grupo de Disciplinas Paisagem e Ambiente estruturado e capitaneado pela Professora Miranda Maria Esmeralda Martinelli Magnoli naqueles anos. Este grupo enfrentou o desafio de estruturar as disciplinas da graduação e iniciar o desenvolvimento de pesquisas junto à pós-graduação iniciada em 1972.

Silvio, orientado por Miranda Magnoli, defendeu em 1982 seu mestrado intitulado “Mutação do Espaço Urbano: o Bairro de Higienópolis e Arredores”, relacionando as transformações da morfologia urbana e da paisagem urbana. O trabalho pioneiro e de grande fôlego, articula todos os campos da história, do urbanismo, do projeto e do paisagismo servindo de base para seu primeiro livro publicado: “Higienópolis e Arredores – Processo de Mutação Urbana”, em coedição das editoras PINI e EDUSP, em 1987. Essa publicação foi sucedida por mais oito livros publicados entre 1999 e 2018.

A pesquisa foi atividade constante do Silvio, assim como a sua capacidade de motivar e envolver colegas e estudantes de graduação e orientandos nos trabalhos.

No seu doutorado, defendido em 1988, intitulado “São Paulo, Paisagem e Habitação Verticalizada: os espaços livres como elementos de desenho urbano”, orientado por Cândido Malta Campos Filho ampliou o estudo da transformação da paisagem verticalizada da cidade e sua relação com a legislação urbanística.

Em 1994, com a pesquisa “Quadro do Paisagismo no Brasil” inicia a estruturação do que viria a ser o laboratório de pesquisas QUAPÁ. As primeiras pesquisas levantaram os projetos das praças e parques urbanos em todo o país, enviaram equipes para percorrer as capitais brasileiras, contataram as secretarias responsáveis pela gestão desses espaços. Silvio divulgou esses projetos em duas publicações seminais: “Parques Urbanos no Brasil” com Francine Sakata e “Praças Brasileiras” com Fábio Robba. Estes livros, publicados pela EDUSP em 2002, se tornaram referências obrigatórias em todas as bibliotecas universitárias brasileiras, sendo reeditados e atualizados duas vezes.

A partir da sua pesquisa de Livre-Docência “Paisagem, Urbanização e Litoral: do Éden à cidade”, Silvio se tornou consultor da Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos, do Ministério do Meio Ambiente, e da Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Junto com o Professor Antonio Carlos Robert Moraes,

desenvolveram o Projeto Orla que realizou oficinas de capacitação para os quadros técnicos funcionais dos municípios costeiros brasileiros entre 2004 e 2006. O manual que desenvolveram para a formação dos quadros técnicos segue sendo utilizado pelo Ministério e reeditado continuamente até os dias de hoje.

A partir do início do século XXI os rumos do trabalho do QUAPÁ avançaram para a investigação das transformações das paisagens das cidades brasileiras, e os Sistemas de Espaços Livres (SELs). Foram realizados dois projetos temáticos, com apoio da FAPESP, envolvendo várias universidades e pesquisadores. O primeiro relacionou os SELs à esfera pública (2007-2011), já o segundo tratou das interações entre SELs e a forma urbana (2012-2018). No desenvolvimento dessas pesquisas, realizou 58 oficinas e visitas técnicas formando amplo quadro dos sistemas de espaços livres das cidades brasileiras neste século. Ao mesmo tempo permitiu agregar aos trabalhos desenvolvidos as contribuições de cerca de 40 universidades ou faculdades, com a presença de pesquisadores, representantes do poder público, de organizações da sociedade civil, de estudantes e de profissionais das áreas da arquitetura e do urbanismo. Os estudos das mais de 60 cidades estão documentados e registrados em fotos, mapas e textos que foram publicados em livros, artigos em revistas, trabalhos completos em anais de eventos científicos, mestrados, doutorados e pós-doutorados.

Esses estudos permitiram estruturar a Rede QUAPÁ de pesquisas que realiza colóquios anualmente para discutir as pesquisas desenvolvidas tanto nas graduações como nos programas de pós-graduação acerca da morfologia das cidades e seus sistemas de espaços livres. Em 2021 realizou-se o “XV Colóquio QUAPÁ-SEL: paisagens, distanciamentos e proximidades”, recebendo mais 96 trabalhos de 35 instituições de ensino, de 14 estados do país.

Por essa razão, pode-se dizer que o Silvio Soares Macedo estruturou a maior rede de pesquisadores acerca da morfologia das cidades brasileiras, relacionando a paisagem das cidades e os sistemas de espaços livres, contribuindo com o aprimoramento das disciplinas de paisagismo e das políticas públicas de vários municípios brasileiros.

Além de orientar 27 mestrados, 24 doutorados, 93 trabalhos finais de graduação e 97 iniciações científicas, compondo mais de uma centena de bancas de pós-graduação e outras tantas de TFG, participou de mais de 200 eventos científicos e organizou 52, pode-se dizer que ele buscou contribuir efetivamente para a estruturação do campo disciplinar.

Silvio Macedo foi um dos criadores da revista “Paisagem e Ambiente – ensaios”, que nasceu em 1986, como meio de divulgação de textos e notas de aula para as disciplinas do Grupo de Disciplinas Paisagem e Ambiente (GDPA). Na década de 1990, com o Professor Silvio Macedo como editor, a revista foi tomando o formato atual. Hoje é a revista nacional mais importante da área, com mais de 50.000 acessos por ano.

Na última edição da AD Scientific List Index 2022 (Alper-Döğer Scientific Index), a USP comparece como a mais bem avaliada da América Latina, e a 100ª entre todas as 13.000 universidades avaliadas no mundo.  A classificação das instituições é feita pelo desempenho de cerca de 700.000 professores e sua posição no Google Scholar. Na América Latina foram avaliados 53.392 pesquisadores de 1.336 universidades, a USP teve 6.563 pesquisadores avaliados.

Na lista, a Arquitetura e o Urbanismo ficam na área de “Arts, Design and Architecture”, na Latin America, o Silvio Macedo é o professor da USP mais bem avaliado, na 14ª posição.

O Professor Silvio Soares Macedo, nesses quase 43 anos, se dedicou às três áreas da universidade: ao ensino, à pesquisa e à extensão. Ele tornou-se Professor Titular em 1993, sendo nosso Decano quando faleceu. Ocupou o cargo de chefe do departamento de projeto em duas gestões, foi presidente da comissão de graduação e membro do Conselho de Graduação − CoG entre 2000 e 2004.

Projetou, junto com o Professor Paulo Renato Mesquita Pellegrino e professores do Instituto de Biologia da USP, o paisagismo da Praça do Relógio da Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira em 1994/1995.

Dedicou-se ativamente às atividades musicais e aos corais da universidade. Cantou no CORALUSP, desde 1972, criou com amigos um coral próprio e organizou, junto com sua esposa, Josefina Capitani, a série FAU em Concertos que animou as noites da FAU Maranhão por muitos anos.

Seu falecimento no momento mais crítico da pandemia de COVID-19 impediu que recebesse as homenagens dos alunos, dos colegas e dos colegiados da instituição. Mas as manifestações de pesar e tristeza foram reiteradas, ao longo deste ano, por professores, estudantes e funcionários que tiveram no Silvio um grande exemplo de dedicação ao ensino e à universidade pública.

 

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