Para essa edição da Bienal de Veneza, a curadora ganense-escocesa Lesley Lokko propôs o tema “O laboratório do futuro”. Dialogando com essa premissa, e propondo uma revisão crítica da história da arquitetura brasileira, os curadores iluminam as matrizes ameríndias e afro-brasileiras presentes – e normalmente ocultas – nessa história, renovando o olhar sobre nosso passado e presente, e elaborando críticas ao modelo eurocêntrico da nossa tradição, importante também no modernismo. Nesse sentido a “terra” aparece tanto como material físico, que remete ao chão sobre o qual pisamos, quanto como referência mais abrangente ao próprio planeta.

Gabriela de Matos é arquiteta e urbanista afro-brasileira, e cria projetos multidisciplinares com o objetivo de promover e destacar a cultura arquitetônica e urbanística brasileira a partir das lentes de raça e gênero. Graduada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas, especializou-se em sustentabilidade e gestão do ambiente construído pela UFMG. Mestranda do Programa Diversitas (FFLCH) da USP, leciona na Escola da Cidade, e foi vice-diretora do IAB-SP (2020-22). É fundadora do projeto Arquitetas negras.

Paulo Tavares é professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Nacional de Brasília, e explora as interfaces entre arquitetura, culturas visuais, curadoria, teoria e advocacia. Foi cocurador da Bienal de Arquitetura de Chicago 2019 (EUA) e, atualmente, é membro do conselho curatorial da segunda edição da Trienal de Arquitetura de Sharjah 2023 (EAU). Foi curador dos projetos Acts of Repair (Preston Thomas Memorial Symposium, Cornell University), e Climate Emergency > Emergence, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) de Lisboa (Portugal).