Publicado em 26 de setembro de 2023
ADI
Na última edição do Prêmio do Centro Brasileiro de Construção em Aço, a equipe constituída por João Miguel Suguihara e João Gabriel Oliveira, com orientação do Prof. Felipe de Souza Noto, foi a grande vencedora. Mais detalhes do concurso podem ser vistos aqui.
Sobre o projeto
ESCOLA DO RIO
As cidades são o registro da ação humana ao longo do tempo. Educação de qualidade é uma cidade bem construída, capaz de transmitir para os jovens ideias de projetos possíveis para novas cidades que precisarão ser inventadas. Para os paulistanos, crescer significa mudar-se de vale. Deixar o bairro da infância, de pequenos olhos d’água, para enfrentar a escala metropolitana, Pinheiros e Tietê. A foz das microbacias hidrográficas marca esta transição. Simbólico e maltratado, o lugar do projeto é a microbacia do Rio da Escola no Parque Arariba, Capão Redondo na zona sul de São Paulo. O projeto complementa o parque ao intervir em um dos vales que o formam, substituindo um ferro velho na nascente e os pontos de ônibus na foz por uma escola que segue o curso do rio que, por estar cercado de coletores de esgoto, teria águas cristalinas.
Propõe-se a criação de dois reservatórios: lago da nascente e lago da foz. Com o barramento das águas do Rio da Escola por diques, criou-se o lugar para a implantação da Escola do Rio.
Na nascente, o quarteirão é alagado em diferentes cotas, desde a nova rua projetada até uma barragem-arquibancada. Em seguida, uma laje molhada do auditório coberto, que serve de “ponte” para as águas continuarem seu curso por um pequeno lago à cota baixa, extravasando suavemente pela face de uma chapa de aço. A escolha do aço em um programa predominantemente ligado à cultura urbana aquática/fluvial remete à sua presença na indústria naval, amplamente difundida na construção de cascos de grandes embarcações e plenamente adequada às intempéries próprias do ambiente molhado.
Um canal largo e raso faz o trajeto do talvegue, redesenhado para os moldes de um passeio público próximo à cultura urbana com as águas.
Chega-se a uma praia que banha a existente escola de educação infantil Carlos de Laet. Um dique de terra faz a transição entre o lago da escola infantil e o lago da escola projetada. Uma rua corta o lago da foz de fora a fora, conectando o bairro às avenidas que levam à estação do metrô Vila das Belezas.
A Escola do Rio é uma instituição para alunos do ensino médio inscreverem e desenvolverem projetos de iniciação científica e artística. Tem caráter complementar ao ensino comum por funcionar no contraturno das aulas e busca uma formação que extrapola um estudo complementar puramente técnico ou o currículo educacional público estabelecido, através do fomento direto da prática de pesquisa em suas esferas teóricas e práticas. Analogamente à morfologia da foz de uma microbacia hidrográfica em São Paulo – geralmente chegando a uma grande infraestrutura de transporte implantada num fundo de vale – a Escola da Foz se implanta como porta de entrada e saída, para aqueles que chegam para estudar ou para deixar o bairro – prontos para enfrentar o mundo.
A torre está organizada em três núcleos, didáticos e de estrutura: biblioteca, salas de aula e laboratórios. Há três tipos de andares: treliças paralelas conformam o andar estrutural. Sobre elas, um piso apoiado e sem caixilhos, uma praça aérea. Sob as treliças, um piso atirantado, uma laje de concreto pendurada nas vigas transversais. No centro do edifício e entre as treliças estão as infraestruturas – prumadas de incêndio, sanitários e blocos de elevadores –, como um edifício essencial.